O inimigo mais doce do mundo
On 19 Janeiro, 2018 2018 | Mais e Melhor Comentários fechados em O inimigo mais doce do mundo Etiquetas:tileDoces, salgados, produtos de charcutaria e refrigerantes são proibidos nas cafetarias e bares de hospitais e centros de saúde públicos.
O despacho foi publicado em Diário da República, a 28 de dezembro do passado ano, assinado pelo secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Fernando Araújo, e determina que, até 30 de Junho de 2018, se acabem com as vendas de todos estes produtos.
Segundo o mesmo despacho, os contratos a celebrar para concessão de espaços não podem, também, contemplar a publicidade ou venda de refeições rápidas.
É ainda proibida, nos novos contratos, a venda de chocolates em embalagens superiores a 50 g, chocolates com recheio, bebidas com álcool e molhos como ketchup, maionese ou mostarda. Em contrapartida, o governo refere que se devem disponibilizar, obrigatoriamente, água potável gratuita e de garrafa. Mas só este tipo de água, porque as aromatizadas, bem como as tisanas, ou bebidas energéticas, ficam também fora das opções de escolha.
É igualmente apresentada uma lista de alimentos que passam a ser preferenciais, leite simples meio-gordo/magro, iogurtes meio-gordo/magro, queijos curados ou frescos e requeijão, pão, preferencialmente de mistura com farinha integral e com menos de 1 g de sal por 100 g, sumos de fruta e/ou vegetais naturais, bebidas que contenham pelo menos 50 % de fruta e/ou hortícolas e monodoses de fruta.
O objetivo destas medidas presentes no despacho é o de “informar e capacitar para escolhas alimentares mais saudáveis, promovendo-se o aumento da literacia alimentar e nutricional da população que frequenta os espaços de oferta alimentar do SNS, quer dos profissionais de saúde, quer dos utentes e dos seus acompanhantes”.
Depois de algumas medidas anteriores, contempladas no Orçamento de Estado para 2017, como a restrição de alguns doces nas máquinas de vending, instaladas nas unidades de saúde públicas, e a tributação adicional das bebidas açucaradas, o governo reforça agora a sua estratégia de promoção de alimentação saudável, uniformizando as dietas de todos.
A partir deste mês, os pacotes de açúcar disponibilizados nos cafés e restaurantes têm o limite de 5-6g, ou seja, outra medida de redução da ingestão energética, de açúcar e de alimentos pobres do ponto de vista nutricional.
De acordo com a Nutricionista do Centro Hospitalar Lisboa Norte (CHLN), Dra. Sílvia Neves, «a Organização Mundial de Saúde recomenda que o consumo de açúcar simples, em adultos e crianças, seja inferior a 10% do valor calórico total diário ingerido. Os benefícios do cumprimento destas recomendações seriam notados sobretudo ao nível do peso e também da saúde dentária, incluindo todas as comorbilidades associadas (Presença ou associação de duas ou mais doenças no mesmo paciente)”.
O imposto sobre as bebidas açucaradas permitiu que os portugueses cortassem cerca de 5.500 toneladas de açúcar num só ano. Para além disso, o Governo recebeu 80 milhões de euros que foram diretos para o pagamento das dívidas do Serviço Nacional da Saúde (SNS). Para 2018, o Ministério da Saúde pretende chegar a acordo com a indústria agroalimentar, negociando a reformulação de vários produtos.
As medidas de alerta e prevenção não são só nacionais. Para chamar a atenção dos consumidores sobre os produtos que se pensa nem terem açúcar, o fotógrafo espanhol Antonio Rodríguez Estrada desenvolveu a campanha Sin Azúcar, um projeto que pretende recriar grandes campanhas comerciais e que mostra o açúcar como o inimigo mais doce do mundo.
Créditos: Antonio Rodríguez Estrada